sexta-feira, 27 de maio de 2016

Friendzone

     E, do nada, conheces alguém que te admira por seres exatamente como és. Tudo o que dizes e fazes é espetacular. Começas a pensar até que ponto isso poderá ser, de facto, verdade. Será só encenação?
     Tenho uma longa lista de gente que me acha interessante, bonita, especial, única - quase a mulher perfeita para casar, incrível - e outros blá blá blá's. É tão fácil mandar o anzol...!
     Depois tu dizes que não tens o mesmo interesse, ou seja, o sentimento não é mútuo e queres apenas manter uma boa amizade (como a que tinham antes da pessoa dar as cartas, quando, na verdade, queria unicamente conquistar-te) e a dita cuja afasta-se, deixa de querer sair contigo, diz que não consegue ser tua/teu amiga (o)... Really? Mas isso é o quê mesmo? 
     "Tu és uma miúda espetacular, bué diferente, wiskas saquetas", então e deixei de ser só porque não quero pinar contigo? Só porque não tenho qualquer tipo de interesse amoroso ou sexual por ti? Hum... OK!
     Isto são os idiotas de hoje em dia. Serve para homens e para mulheres. Só és interessante enquanto houver uma esperança de que possam envolver-se. Quando tu puseres os pontos nos i's e a esperança acabar, a tua personalidade diferentona das outras todas, acaba também. Faz sentido? Para mim não, mas lá está, eu sou A Diferente.
     No meio disto tudo, é dificil acreditares, realmente, na pureza das palavras de quem se aproxima de ti - sim, falo por experiência própria.
     No entanto, ainda existe gente genuína - está em extinção, diga-se de passagem, mas existe - que aceita que ter a tua amizade é melhor do que não ter nada. 
     Tive o prazer de conhecer (poucas) pessoas dessas, dessas que valem a pena ter nas nossas vidas.
     Primeira vez, não acreditas em nenhuma das suas palavras. Vem a segunda, a terceira e por aí fora, e cada vez a pessoa te admira mais. Faz-te sentir especial, sem pedir nada em troca.
     Já não sabes o que dizer ou fazer. A única coisa que tens para oferecer é a tua barata companhia e o teu mais sincero sorriso.
     É injusto. Podíamos apaixonar-nos por gente assim só por estalarmos os dedos.
     Gente que sabe que não terá mais do que a tua amizade, mas continua a tratar-te como uma verdadeira princesa, sem as 12 badaladas nem o beijo da Branca de Neve, apenas para te ver feliz.
     Não acreditava em gente assim. Já não acredito muito em nada nem ninguém, na verdade. Desconfiada por natureza e uma apaixonada de mão cheia, sempre de coração ocupado, no entanto, não consigo ocupá-lo contigo.
     Recebo amor sem poder retribuir. Dói mais do que não receber nada de todo. E todas as palavras vêm de mãos dadas com gestos que trago no peito e agradeço de coração. Não mereço tanto de ti, nem lá perto.
     Estou a anos-luz de ser a mulher dos sonhos de alguém, mas sou a dos teus. Ainda estou para descobrir que macumba foi essa! Juro que não fui eu!
     Ainda existe boa gente, de coração puro, gente da minha linhagem, com os meus valores. Se tu existes, eu acredito que eles andem aí (ahahahaha). 
     E que o meu "príncipe encantado" seja só metade do que tu és.

     Obrigada.


quarta-feira, 4 de maio de 2016

Politicamente (in)correta

     Sempre fui aquela menina de rosto angelical, cabelo loiro aos canudos, tímida e calada... Demasiado santinha, digamos!
     Não podia fazer nada em relação a essa imagem que as pessoas criavam de mim (as santas são as piores, nunca ouviram dizer?)
     Durante toda a minha infância, sempre fui A Mimada, A Teimosa, A Resmungona da família... Não sei como conseguiam suportar-me, sinceramente. Era demasiadamente irritante!
     Com a adolescência, veio também a exigência a nível escolar. Nunca falhei. Ótima aluna, exemplar. Era, portanto, o orgulho dos meus pais a todos os níveis.
     MAS...! A querida, linda, inteligente menina Marisa cresceu. Tornou-se numa jovem "rebelde"! Queria impor-se. Sim, tudo o que fosse errado para mim, eu fazia questão de dizer, mesmo que ninguém me perguntasse a opinião.
     Em casa era igual. Questionava N vezes o porquê das regras parvas dos meus pais. Mas porquê?!
"Menina, devias fazer menos perguntas. Ouvir e calar." Nunca foi algo que desse com o meu feitio.
     Entretanto, vieram os namorados e a mania das pessoas se meterem onde não eram chamadas.
"Ai filha, ainda há uns meses andavas com um e já estás aí na rua com outro" dizia a minha avó muito preocupada com o que as pessoas fossem pensar da sua princesa de apenas 15 aninhos.
ESTOU-ME A CAGAR, cota. Era o que me apetecia dizer, mas na altura pareceu-me inadequado, ainda levava um chapadão. Poupei-me a mim e a ela. Mas estava-me, de facto, pouco borrifando para opiniões alheias.
     Desde cedo criei conflitos na família precisamente pela minha falta de preocupação em relação ao que os outros pensam.
     Enquanto tive de prestar satisfações, enquanto fui sustentada e vivi debaixo do teto dos meus pais, tive de ser (ou tentar ser) políticamente correta. Tive de fingir ser a menina púdica que não sou. Tive de mentir algumas vezes (as necessárias) para fazer as coisas que queria e não podia! 
     Durante 22 anos da minha vida fui uma pessoa que não sou para poder agradar os outros.
     Hoje, não devo satisfações e, já dei sim, muitas desilusões, mas faz parte da vida. Vivo bem com isso!
     Prefiro desiludir alguém por ser quem sou, do que ser uma infeliz (como tantas) que vive de falsas aparências, falsos moralismos, falta de personalidade, e por consequência, falta de amor-próprio.

     Libertei-me. Sacrifiquei-me e ainda sacrifico diariamente para ter a liberdade que almejei. 

     Liberdade espiritual e mental, não troco, não abdico por nada. Há coisas que o dinheiro não compra.

     Não há nada no mundo como amarmos ser quem somos e estarmos em paz com isso. Aconselho vivamente, juntando bom senso q.b. 

     Experimentem e serão bem mais felizes, tal como eu!



     Ah... não concordam? Estou-me a cagar.