quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O vírus mais temido do século XXI

     Chegou a altura do ano mais ansiada por muitos e mais triste para outros: Dia dos Namorados.
     Para mim é e sempre foi apenas mais um dia dedicado ao consumismo. Nunca teve qualquer importância na minha vida, com ou sem namorado. Nunca alinhei nessas merdices, ainda para mais, quando não sou nem um pouco romântica.
     Aproveitei, então, este tema para abordar um assunto polémico: A Solteirice.
     Parece nome de doença, mas não é e recomenda-se!
     Há gente que deve sofrer da Síndrome do Compromisso (nem sempre com compromisso).
     Qual é o vosso medo de estar sozinhos? E aquelas típicas frases "Ai, no Inverno sabe tão bem ter quem nos aqueça os pés"?
     Em primeiro lugar, que NO-JO! Ai de quem me toque com os seus pés! Fico cega, cago o cérebro e berro quando fazem tal atrocidade (quem me conhece sabe do meu nojo de pés).
     Em segundo lugar, eu sei que a eletricidade está cara, mas não há nada que um aquecedorzito ou uma botija de água quente não resolva. "Arranjar" um "tacho" para aquecer os pés parece-me egoísta e needy, encarando o sentido literal da expressão.
     No entanto, nem toda a gente pensa como eu, inclusivé eu própria há uns anos atrás. Não faz muito tempo e ainda eu era uma needy, portanto, contra o meu old me falo.
     Com o tempo aprendi a gostar e a valorizar o "estar sozinha", o "não dar satisfações", o "não ter chatices" para além das que já teria solteira. Passei a ocupar o meu tempo com coisas prazerosas para mim. Mas o que mais mudou a minha forma de encarar a solidão e, por consequência, as relações, foi o meu amor-próprio. Aconselho vivamente!
     Tive relações duradouras e destrutivas. Relações que abalaram a minha auto-estima e me fizeram perder-me de mim. Andei perdida bastante tempo, sem saber onde poderia ancorar o meu coração. Precisei de muita reflexão e de muito tempo sozinha com os meus pensamentos, com os meus porquês, com os meus devaneios e algumas questões existênciais.
     Acabei por perceber que não precisava de entregar o meu coração a mãos alheias para ser feliz, para me sentir bem comigo própria e para me aceitar e amar.
     Tornei-me extremamente selectiva, não tolerei erros, não "papei grupos", não iludi nem me deixei iludir por ninguém. Pus os pontos nos i's logo à partida para que não precisasse de corrigir mais tarde.
     Relações só sobrevivem quando existe consenso e, como tal, algumas cedências e aceitação do outro, e eu dei por mim a não conseguir aceitar a pessoa com quem estava, a não perdoar o mínimo erro ou defeito. Deixei de tolerar. 
     Nesse dia entendi que não estava preparada para me apaixonar, não por não querer, mas por não conseguir. É, provavelmente, apenas uma fase, que vou lembrar a vida inteira, pois nunca me senti tão bem com quem sou como me sinto hoje. 
     Amadureci com a solidão, com a introspecção e com as noites não dormidas. Precisei de chorar muito e de sofrer na mesma proporção. Precisei de força e não sabia onde a buscar. Busquei em mim.
     Questionei-me sobre o que poderia fazer para que a minha convivência comigo própria se tornasse tolerável e, posteriormente, fundamental. Falo por experiência. Não há aqui nenhum diz-que-disse.
     Saltar de relação em relação nunca vos trará real felicidade. Nunca! Com sorte, sentir-se-ão felizes temporariamente. Procurem amar-se antes de amar outrém.
     Se for para amar incondicionalmente, que seja a nós próprios: amor que não magoa, não espera nada em troca, não tem lado mau da moeda.
     Então quando me dizem "Espero que um dia tenhas sorte ao amor", a minha resposta é sempre a mesma: "Já tenho".



2 comentários:

  1. Bom texto.
    Estamos numa crise de valores. Já ninguém quer amar. Ninguém está disposto a dar nada. É uma crise de valores. A globalização torna pessoas e produtos em coisas descartáveis. Que se usa e deita fora. Pessoas que entram na nossa vida à mesma velocidade com que entraram. De tanto ser assim e depois de se sofrer, fechamo-nos. São demasiadas cicatrizes.
    Se não formos fortes, se não tivermos amor próprio ainda vamos sofrer mais e ficar mais carentes.
    As relações servem para sermos mais felizes. Mas para isso temos de nos conhecer bem a nós próprios para perceber o que precisamos e procuramos.
    E quanto ao dia dos namorados é mesmo a manobra capitalista...consumam.
    Mas o amor e as relações cultivam-se todos os dias.
    Parabéns. Bom como sempre 😊

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  2. Sempre odiei o dia dos Namorados. Penso que é triste para quem não namora (senti-o na pele durante muitos anos, a sensação de solidão e de que não somos capazes de amar ou de conquistar alguém duradouro acaba com a autoestima de qualquer um).
    Também não gosto de dia do pai ou dia da mãe, que considero horrível para órfãos e país que perderam filhos (coisa que nunca devia acontecer).
    No entanto, sou fã de festas e aproveito qualquer desculpa para comemorar. Assim sendo, festejo todas essas datas enquanto posso. Festa é festa. 😂
    Beijinhos, gostei do blog.

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